Monsaraz, é uma vila de quase total aspecto medieval que serviu como baluarte da entrada em Portugal via rio Guadiana. Trata-se, sobretudo, de um castelo, mas um castelo povoado, nas casas abraçadas pela muralha. De todas as fortificações portuguesas, é, na minha ainda pouco respeitada opinião, a mais feérica que cá se vê.

Principesca, lembra fábulas contadas nos idos anos quinhentistas. Ver o castelo cá de baixo, antes de subirmos aquele morro alentejano que sobe acima das infindáveis águas doces do Alqueva, é lembrarmos que aqueles pequenos contos que lemos enquanto crianças não foram inventados do nada.

O forte deve existir desde há demasiados anos para que sejam aqui contados – dos celtici, dos romanos, das tribos germanas que se seguiram, talvez. E foi-se readaptando, enquanto escudo de defesa de muita outra gente: primeiro dos sarracenos que ocuparam a península, sobretudo a sul; depois dos cristãos que a retomaram; e finalmente serviu de muralha defensiva de eventuais ataques vindos da vizinha Castela.

Hoje transformou-se naquilo que qualquer castelo europeu é, um chamariz turístico. Mas neste caso, o chamariz tem razão de ser.

Fica a umas duas horas a leste de Lisboa. Coisa pouca para quem está habituado às distâncias impossíveis do Brasil. Vale muito a pena, entrando pela portão principal, instalarem-se no bar que irá estar imediatamente à vossa direita.

Depois é deixar o sol cair e tragar um daqueles vinhos brancos alentejanos que parecem ser feitos de propósito para esses momentos. O horizonte soma e soma e soma até se perder. E a meio deste está um ligeiro acidente a enganar a planura: a Serra da Ossa.

Para quem quiser saber um pouco do que é o Portugal profundo, que deixe a costa algarvia por dois ou três dias e encoste-se a Monsaraz, ao invés. Não dará o tempo por perdido. Aliás, só tem mesmo a ganhar.


Esse post foi escrito pelo blog português: Portugal Num Mapa