Para quem visitou qualquer país da Europa há 5 ou 10 anos e volta nos dias de hoje, é impossível não notar o aumento no turismo que tomou conta do continente. Lisboa, Barcelona, Amsterdã e Veneza são algumas das cidades que multiplicaram exponencialmente o numero de visitantes que recebem anualmente.

Para que o entendimento fique mais fácil, é só checar os dados: em 2017, a Europa registrou 671 milhões de visitas, um aumento de 8% em relação ao ano anterior – superior ao índice geral ao redor do mundo, que ficou em 7%.

Transtornos causados pelo aumento do turismo na Europa

Economicamente, o aumento do turismo no continente europeu pode parecer uma maravilha. Mas é preciso enxergar os dois lados da moeda. Em muitas cidades, os moradores e o comércio local estão perdendo espaço para o turismo. Além disso, algumas atividades comprometem até a estrutura predial de certos locais.

O exemplo de Veneza

Veneza, por exemplo, perdeu quase metade da população que habitava a cidade em 30 anos. Muitas lojas locais também fecharam as portas para dar lugar a estabelecimentos voltados para os turistas. Sem falar da estrutura da cidade que sofre com a alta circulação de cruzeiros que compromete as fundações dos prédios, erguidas sob terreno pantanoso.

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Outras cidades europeias, como Barcelona, Lisboa e Amsterdam enfrentam problemas semelhantes. E a consequência disso não poderia ser pior, a Turismofobia.

Turismofobia

O termo ganhou força em 2017, quando o aumento do turismo na Europa começou a ficar gritante. Há movimentos de moradores de inúmeras cidades que condenam a massificação da atividade turística e querem a restrição do número de visitantes.

O movimento se alastra em protestos, passeatas, pichações em ruas e comunidades virtuais que alegam, entre outras coisas, que o turismo em massa prejudica os bairros, destrói o território e as propriedades dos moradores, além de condenar à miséria a classe trabalhadora.

Cidades estão em busca de soluções sustentáveis

Não é fácil encontrar uma saída sustentável – para a população e para o meio ambiente – que não afete a economia das cidades cujo turismo é um forte ativo financeiro. Mas especialistas garantem que o caminho passa pela diminuição do impacto negativo dos turistas durante as férias.

Diminuir o número de viagens de avião, dar preferência ao uso do transporte púbico, contratar guias locais são atitudes vistas como positivas. Gerar excesso de lixo, afetar a rotina dos moradores com bagunça e sujeita, abusar do uso das sacolas plásticas são hábitos vistos como negativos.

turistas

O efeito do excesso de turismo nas cidades europeias

Roma

Roma implementou multas que chegam a 240€ para quem tiver comportamento inapropriado nos monumentos históricos, como molhar o pé nas fontes históricas. Também está sendo avaliado limitar o número de visitantes em determinadas zonas da cidade.

Veneza

Com a fuga dos habitantes, estima-se que até 2030 a população local possa acabar. Para que isso não ocorra, há associações locais que pedem o fim da entrada de cruzeiros – que aumentou 500% nos últimos 15 anos – nos portos da cidade.

Barcelona

A cidade é um dos locais em que existem protestos mais intensos contra turistas. São 32 milhões de turistas anualmente, contra 1,6 milhões de residentes na cidade. A câmara municipal aprovou uma lei que limita o número de camas disponíveis na cidade e congela a construções de novos hotéis em algumas zonas da cidade. Há planejamentos para a implementação de um novo imposto sobre os passageiros de navios de cruzeiros.

Lisboa

A câmara municipal de Lisboa proibiu a circulação de ônibus turísticos com mais de nove lugares nos acessos à Sé e ao Castelos de São Jorge para diminuir o barulho e o congestionamento. A medida foi contestada pela Confederação de Turismo de Portugal.

Amsterdam

Amsterdam adotou regras para banir o aluguel por temporada, como Airbnb, e assim conter o aumento no valor do aluguel dos imóveis. A capital da Holanda estipulou que os proprietários de imóveis só poderão disponibilizar apartamentos para aluguel em plataformas digitais por 60 dias no ano. Em 2019, esse número cairá para 30 dias.

Santorini

A ilha grega de Santorini vai limitar a chegada de turistas em navios de cruzeiros a 8 mil pessoas por dia. Isso representa uma diminuição de 2 mil turistas diariamente durante a alta temporada, de maio a setembro.

Cinque Terre

Autoridades das vilas do Mediterrâneo, que são um dos principais destinos turísticos da Itália, estudam limitar o número de turistas para 1,5 milhão por ano na região. Atualmente, a área recebe 2,5 milhões de turistas anualmente.

Guerra declarada contra plataformas de aluguel de imóveis

Oito cidades da União Europeia – Paris, Madrid, Barcelona, Amsterdam, Viena, Bruxelas, Cracóvia e Reykjavík – se reuniram no início de 2018 contra plataformas de aluguel de imóveis online. Elas pedem que a Comissão Europeia obrigue essas empresas a revelarem a identidade dos inquilinos e a compartilharem os dados.

Conheça os requisitos para visitar a Europa.