Simplesmente, esqueça o relógio e se entregue ao prazer de caminhar demoradamente pelo centro histórico da capital da Toscana. Você será fortemente impactado por toda arte, cultura e história que essa pequena cidade tem a oferecer. Nesse guia você terá à mão todos os principais pontos turísticos para saber o que fazer em Florença e se apaixonar por esse pedacinho da Itália. Vamos lá?

O que fazer em Florença?

A cidade é muito intuitiva. Se você seguir a trilha da arte, das esculturas, dos monumentos, dos museus, das praças e ouvir o som das ruas – quase que em cada esquina existem jovens músicos, que cantam ou tocam algum instrumento, mostrando sua arte na rua – você já terá feito um belíssimo passeio.

Considerada uma das cidades mais belas do mundo, segundo a Unesco, Florença abriga 30% de todos os tesouros artísticos da humanidade. No capoluogo, ou capital da Toscana, você será absolutamente preenchido por tudo o que de melhor e mais belo se pode experimentar no mundo e em uma viagem.

Passeios a pé entre obras de arte; cafés, bares, gelaterias e restaurantes por todos os lados; museus com algumas das mais belas obras de arte da história da humanidade. Praças e esculturas cuidadosamente preservadas; quadros, joias, louças, jardins, igrejas, monumentos e prédios históricos, além da típica cozinha fiorentina e os belos vinhos da região do Chianti.

Então, fica comigo até o final deste artigo que eu te dou o caminho das pedras para facilitar a sua vida. Além disso, te dou as minhas dicas pessoais, pois amo verdadeiramente esse lugar. Moro na Toscana há mais de um ano e vou à Florença pelo menos uma vez ao mês (e ainda não vi tudo o que queria ver, com calma).

Criei um mapa separando as atrações por dias, assim, fica bem fácil visualizar os pontos turísticos próximos e economizar tempo nos deslocamentos.

O que fazer em 1 dia em Florença?

Se você tiver apenas um dia para visitar a bela Firenze, recomendo fazer a pé todo o centro histórico. Nesse caso optaria por contratar um guia exclusivo, que fará com você um passeio a pé pelos principais pontos turísticos, te contando absolutamente tudo o que você precisa saber para conhecer um pouco da história e das peculiaridades de Florença.

No primeiro dia encante-se com a Duomo de Florença, entre na Basilica di Santa Maria del Fiore, construída entre os anos 1296 e 1436 e que tem aquela cúpula maravilhosa idealizada por Brunelleschi, que aparece em filmes e séries, como The Medici e Leonardo da Vinci.

Ainda na Piazza Del Duomo você verá o Battistero. É o edifício mais antigo da cidade e que merece uma paradinha em frente a porta de bronze que fica de frente para a basílica, pois nela está retratada cenas da bíblia.

A entrada na basílica é gratuita então, obviamente, filas imensas te aguardam durante praticamente o dia todo (das 10:15 às 16:30). No entanto, para subir na torre do campanário e na cúpula de Brunelleschi é preciso comprar ingresso.

Sugiro comprar seu ingresso para a Cúpula de Brunelleschi e Catedral com antecedência, pois as filas de entrada para quem já tem ingresso são menores que as filas para comprar ingresso na hora.

Caminhando por Florença

Depois de curtir com calma a Piazza del Duomo, siga pela Via di Roma até a Piazza dela Repubblica, apreciando vitrines e se atualizando com a moda italiana. A Piazza della Repubblica era o ponto de encontro dos moradores na época do império romano, também conhecida como a Piazza del Mercato Vecchio, ou a praça do velho mercado.

Ali na praça, pare para tomar um café (ou sua primeira taça de vinho) na cafeteria mais antiga de Florença, a Gilli. Fundada por uma família suíça, em 1733 resistiu bravamente à passagem do tempo e até hoje é um endereço importante para moradores e turistas.

Continuando sua caminhada você finalmente chegará a Piazza della Signoria, onde ali tudo é arte. Por todos os lados que você olhar, verá um verdadeiro museu a céu aberto.

Contemple demoradamente as estátuas que você verá espalhadas pela praça; as minhas preferidas são: A Fonte de Nettuno, de Bartolomeo Ammanati; O Rapto das Sabinas, de Giambologna; Perseo com a cabeça de Medusa, de Benvenuto Cellini; Marzocco, o leão símbolo do poder popular dos moradores de Florença; A Estátua Equestre de Cosimo I de Medici, Granduca di Toscana, feita por Giambologna.

Escultura em exposição na Piazza della Signoria
Perseo com a cabeça de Medusa; belíssima escultura na Piazza della Signoria

Neste momento, depois de listar minhas preferidas, alguém pode pensar que eu esqueci de citar o Davi, de Michelangelo. Não esqueci, não! Também é uma das minhas preferidas, mas a escultura de Davi que está em frente ao Palazzo Vecchio é uma réplica; a verdadeira mesmo está guardada no museu, na Galleria dell’ Academia, onde você certamente deve ir em outro dia.

Revivendo a história

Depois de se encantar com as estátuas ao ar livre, que tal entrar no Palazzo Vecchio? Antiga sede do governo da cidade, foi também uma das residências oficiais dos Médici.

Ali você terá um belíssimo museu, com aposentos decorados, painéis e esculturas de Michelangelo e Donatelo, além do Studiolo di Francesco, uma das principais obras do famoso Giorgio Vasari. Também ali você poderá subir na torre, a emblemática Torre de Arnolfo, de onde se tem uma grandiosa vista de todo o centro histórico de Florença.

E enfim, chegamos ao gran finale do nosso primeiro dia: não deixe de garantir um ingresso para conhecer a Galleria degli Uffizi. Reconhecida como um dos mais importantes museus da Itália e de todo o mundo, é um verdadeiro paraíso para os amantes da arte renascentista italiana.

O próprio edifício já é uma obra de arte, criada pelo grande Giorgio Vasari. Além disso, outros nomes das artes a nível mundial estão ali, como Rafael, Leonardo da Vinci, Giotto, Michelangelo e Botticelli, incluindo a icônica obra O Nascimento de Vênus. E não posso deixar de citar, uma belíssima seleção de Caravaggio, que amo!

O que fazer em 2 dias em Florença?

Tenho uma técnica que, para mim, tem funcionado muito bem nos últimos anos, que é a de deixar o que normalmente as pessoas fazem por primeiro, por último, assim, pego menos fila e os lugares um pouco menos cheios.

Por isso coloquei no primeiro dia, a Galleria degli Uffizi por último. Da mesma forma, coloco a Galleria dell’ Academia para este segundo dia de roteiro em Florença, também no final do dia.

Então comecemos pela Ponte Vecchio. Claro que não é a mesma que vemos hoje. A primeira ponte existente ali, que ligava os dois lados da cidade foi construída em 123 d.C. Ao longo da história, ela foi usada para transportar produtos agrícolas, carnes e peixes, além de ser um excelente ponto de venda, um mercadão a céu aberto.

Reconstruída no final do século XIV, após uma inundação ter danificado a ponte original, a partir do século XVI ela começou a ser usada como um local de produção e venda de joalheria. Reputa-se a Ferdinando I, Duque da Toscana, o início dessa tradição, quando ordenou que os açougueiros que estavam ali instalados fossem removidos por causa do cheiro, para não atrapalhar a venda de joias.

Um lindo dia de sol azul, com a Ponte Vecchio ao fundo
A ponte era usada para transportar mercadorias e servia também de mercado. Foto: Cyntia Braga

Hoje ela mantém-se imponente, sem carne ou peixes, mas ainda com joalherias, à beira do Rio Arno, encantando turistas e ligando os dois lados de Florença. Se faz belíssimas fotos ao pôr do sol em alguns ângulos da ponte.

Pausa para o café

Você está em Florença, a capital da Toscana e do Renascimento, onde obras de arte embelezam a cidade, e você ainda pode sentir a atmosfera e a imponência dos tempos imemoriais das dinastias governantes precedentes.

Que tal se dar ao luxo de uma pausa café com um cornetto (croissant) no delicado Gucci Giardino? Na sua caminhada Ponte Vecchio sentido as próximas atrações do mapa, você passa pela Piazza della Signoria mais uma vez, e pelo Gucci Giardino 25.

Fica logo atrás da estátua de Nettuno. É um pequeno café com um terraço em frente do Museu Gucci – que também vale a pena uma visita, se você quer rever as tendências da moda dos últimos 30 anos.

Arte por todos os lados

As próximas três atrações do nosso mapa são ícones da arquitetura fiorentina, o Palazzo Medici Riccardi, o Palazzo Strozzi e, por fim, a Basilica di San Lourenzo.

O Palazzo Medici Riccardi foi construído no século XV, a pedido da família Médici pelo renomado arquiteto Michelozzo di Bartolomeo. Ostenta uma fachada simples e elegante, enquanto seu interior é decorado com afrescos e obras de arte de importantes artistas renascentistas, inclusive Botticelli.

Residência da família Médici por várias gerações, também serviu de sede do governo de Florença por um período. Atualmente se pode visitar o Palácio, que conta a história da família e do avanço da cidade.

Já o Palazzo Strozzi foi construído logo após o Palazzo Medici Riccardi pelo rico banqueiro fiorentino, Filippo Strozzi, forte opositor dos Médici (meio que de birra e copiando o palácio do seu rival).

É considerado também um dos mais belos exemplos de arquitetura renascentista em Florença e sua imponência, em meio ao centro histórico da cidade não passa desapercebida. Com um belíssimo pátio interior, o espaço atualmente abriga exposições de arte contemporânea, eventos e programas educacionais.

A Basílica dos Médici

Muito diferente da Basilica di Santa Maria del Fiore, que é imensa e imponente, essa pode parecer à primeira vista pequena e insignificante (você vai dizer até inacabada, quando bater o olho pela primeira vez em sua fachada), mas sua história vai te fazer querer conhecê-la.

Basilica de San Lorenzo, a igreja particular dos Medici
Interior da Basilica di San Lorenzo. Na cripta estão enterrados Cosimo I di Medici e Donatello. Foto: Cyntia Braga

A Basilica di San Lourenzo é a mais antiga igreja de Florença, construída no século IV. Considerada o templo do renascimento, ao longo de sua história foi várias vezes reformada.

No século XV, a pedido da família Médici, recebeu a intervenção de grandes nomes das artes da época, como de Brunelleschi, Michelangelo e Donatello, que inclusive está enterrado lá, na cripta, ao lado de seu amigo e mecenas, Cosimo I di Medici, Il Vecchio.

Parada no Mercato Centrale de Florença

E depois de tantas andanças, história, palácios e igrejas, que tal dar uma paradinha para um almoço no Mercato Centrale di Firenze? São dois andares de delícias que vão te deixar louco e com sérias dificuldades para escolher o que comer e beber.

O mercado é um dos mais antigos da cidade, fundado no século passado. Seu projeto é assinado pelo mesmo arquiteto que projetou a Galleria Vittorio Emanuele de Milão, Giovanni Mengoni. Sua estrutura externa é toda em vidro e ferro fundido, meio ao estilo art nouveau. E fica em meio a uma feira de rua, cheia de barracas que vendem de tudo, muito parecida com a 25 de março, em São Paulo.

A diferença é que em Florença, a etnia que domina o pedaço é a indiana; dezenas de comerciantes de Bangladesh expõem bolsas, cintos e mochilas em couro fiorentino, além de lenços, carteiras, enfim, um prato cheio para os que gostam de umas comprinhas de camelô.

Fachada do Mercato Centrale di Firenze
Dois andares de delícias de especialidades toscanas para você experimentar. Foto: Cyntia Braga

No andar térreo do mercado são as barracas de produtos in natura, frutas, verduras, carnes, peixes, grãos, azeite, vinhos, enfim, tudo o que você imaginar de iguarias italianas.

Já no segundo andar você encontra dezenas de opções de refeições, desde grelhados, pastas, sanduíches, pratos típicos fiorentinos e toscanos, e por aí vai. É impossível você não encontrar uma bela opção para o seu almoço ali.

O repouso do Davi

E enfim chegamos à última parte do nosso percurso do segundo dia em Florença: fazer um passeio pela Galleria dell’Accademia, o repouso final do Davi, de Michelangelo. É ali que está a escultura original, feita pelo gênio das artes entre 1501 e 1504.

Esculpida em mármore branco de Carrara, representa o herói bíblico Davi, prestes a enfrentar o gigante Golias. Uma belíssima escultura de 5,17 metros de altura e mais de 6 toneladas.

Fundada em 1784, como uma escola de arte, a Galleria ao longo dos anos – e séculos – foi incorporando obras de arte da Igreja de Santa Maria del Fiore e de muitas outras instituições religiosas de Florença, até se tornar o belíssimo museu que é hoje.

Além do Davi, se pode ver ali uma série de esculturas inacabadas de Michelangelo, uma delas chamada de Prigioni, ou prisioneiros, além de obras de outros artistas fiorentinos, como Botticelli, Andrea del Sarto e Domenico.

O que fazer em 3 dias em Florença?

Terceiro dia do nosso roteiro, vamos atravessar o Arno e contemplar as belezas do outro lado do rio. Primeira parada, Basilica di Santo Spirito, localizada no distrito de Oltrarno, é uma das igrejas mais importantes de Florença, também projetada, no início do século XV pelo arquiteto renascentista Filippo Brunelleschi. Ele projetou uma nave única, com colunas de mármore branco e preto, arcos suaves e teto abobadado.

Os Médici estão por toda Florença

Da igreja, passamos para outro palácio, o imponente e majestoso Palazzo Pitti. Construído no início do século XV a pedido da importante família fiorentina, Pitti, foi logo adquirido pelos Médici, em 1549, para servir como residência principal dos governantes de Florença.

A família Médici ampliou e renovou o palácio inúmeras vezes, até estar pronto para ser um dos mais importantes centros culturais da época na Europa. Foram criadas várias galerias de arte, bibliotecas, salas de recepção, sala de banquetes e aposentos para as dezenas de convidados que eram recebidos durante as festividades.

Palazzo Pitti, em Florença
Palazzo Pitti foi a residência de muitos dos Médici e seus jardins são magníficos

Hoje o Palazzo abriga vários museus, incluindo a Galeria Palatina, a Galeria de Arte Moderna, o Museu da Porcelana e o Museu da Prata. E não se esqueça de comprar os bilhetes de entrada para o Palácio Pitti com antecedência; as filas para os que não tem bilhete antecipado podem ser de até 2 horas de espera.

E já que você já está dentro do Palazzo Pitti, minha próxima recomendação, para esse terceiro dia de roteiro na bela Florença é, sem sombra de dúvida, ir conhecer o famoso Giardino di Boboli, ou os Jardins de Boboli: um complexo de jardins históricos que estão dentro do Palácio Pitti. Criados no século XVI a pedido de Eleonora di Toledo, esposa de Cosimo I di Medici, na época, Grão-Duque da Toscana.

Projetado também no estilo renascentista, mas com influências dos jardins franceses da Europa, são 45 mil m² de jardins, que agrupam uma grande variedade de elementos, como áreas verde, flores das mais diversas cores e formatos, fontes, esculturas, lagos, grutas, além de oferecer vistas panorâmicas belíssimas de Florença.

Fim de tarde com Michelangelo

Esse não é um ponto turístico convencional, em que turistas se amontoam para fazer belas fotos, mas é uma das minhas recomendações para o seu último dia na linda Florença, Piazzale Michelangelo.

Trata-se de uma grande praça panorâmica no topo de uma colina, do outro lado do Arno, de onde, ao pôr do sol, se faz fotos deslumbrantes, até da Basílica de Santa Maria del Fiore ao fundo, do rio Arno e da Ponte Vecchio.

Se chama assim, pois foi uma homenagem ao grande artista e escultor e, claro que não poderia faltar, uma menção à sua grande obra, o Davi. Ali, na praça, existe uma réplica em bronze do famoso Davi de Michelangelo.

O que não pode deixar de conhecer em Florença?

O Museu de Bargello é uma daquelas atrações que pouca gente inclui em seu roteiro, pois não é tão promovido internacionalmente, mas é um local que eu recomendo não deixar de visitar.

Instalado dentro do Palazzo del Podestà, um grandioso palácio medieval que já foi anteriormente uma prisão e sede do governo toscano, é reconhecido como o primeiro museu nacional italiano dedicado às artes da Idade Média e da Renascença, por meio de um decreto de 1865.

O Museu está distribuído em três andares: no térreo, a Sala Michelangelo, com esculturas famosas do artista e, ainda, de Cellini, Giambologna e Ammannati. No primeiro andar está a imponente Sala Donatello, com obras famosas dos artistas florentinos. No último andar, um espaço impressionante onde são exibidas as peças que sobreviveram à dispersão do arsenal dos Médici, chamada de Sala do Arsenal.

Quantos dias são suficientes em Florença?

Na minha singela opinião, pelo menos 3 dias.

Mesmo que você não faça questão de visitar os museus de Florença, pelo menos em dois deles você deve entrar: Galleria degli Uffizi e Galleria dell’Accademia, afinal, uma foto do verdadeiro Davi de Michelangelo você vai querer levar para casa.

O que fazer a noite em Florença?

Ficar no hotel à noite quando estiver em Florença, nem pensar. Atividades é o que não faltam na noite fiorentina.

Florença tem uma infinidade de restaurantes, bares e cafés, onde você pode se deliciar com pratos e vinhos italianos que você não terá em nenhum outro lugar do mundo. Além disso, a cidade oferece pelo menos uma dezena de rooftops para você ir tomar um Aperol Spritz e relaxar.

No mapa acima, inseri um local, no terceiro dia, que se chama 25Hours Piazza San Paolino. Trata-se de um belíssimo bar e restaurante do hotel que leva o mesmo nome e que é um evento à parte na noite fiorentina. O restaurante está situado no encantador centro verde do Hotel Piazza San Paolino, sob uma enorme cúpula de vidro.

A luz que entra ilumina uma espetacular floresta de “faz de conta” do interior do recinto, com enormes vasos de plantas e uma decoração moderna, minimalista, meio retrô e com muito charme. O lugar é mágico, o ambiente acolhedor, com turistas, claro, mas também muitos locais que usam o bar/restaurante do hotel, para seus encontros no happy hour de Florença.

Mas se você não liga em mudar de ares e trocar a atmosfera italiana pela cubana, te aconselho ir visitar o Habana 500, reconhecido oficialmente como a embaixada cubana na Itália. Além de pratos típicos, cocktails e atmosfera de Cuba, o local oferece um jardim à beira do Arno, além de shows e aulas de danças latinas.

Qual a melhor época para conhecer Florença?

Qualquer uma! A melhor época para conhecer Florença é quando você puder ir, pois a cidade não dorme, não fecha e, diferente de muitas pequenas cidades italianas, onde pouca coisa permanece aberta no inverno, Florença não fecha nunca! Está sempre fervendo, cheia de vida, de turistas e de locais, pessoas que vivem, trabalham e movimentam a cidade.

Mas, claro, se você puder se programar, meu conselho é não vir no auge do verão italiano, ou seja, entre fim de junho e começo de setembro. De maneira nenhuma, se puder optar, venha em agosto, que além de ser um dos meses preferidos pelos turistas estrangeiros, é o mês de férias dos italianos então, tudo estará lotado. Além de ser muito, mas muito quente.

O que fazer em Florença no inverno?

Bem, para mim, qualquer época é uma boa época para visitar Florença, mas, claro, que no inverno a gente sempre está buscando um pouco mais de conforto e se abrigar do frio.

Por isso, uma das belas pedidas para os meses de inverno é dedicar muito mais tempo aos museus. Dentro deles você contempla arte, história, e sempre dá para dar uma paradinha para tomar um café ou um chocolate quentinho.

Palazzo Vecchio em Florença
Palazzo Vecchio, uma boa pedida para passar algumas horas. Foto: Cyntia Braga

Um dos locais que recomento ir visitar no inverno, que normalmente as pessoas acabam não incluindo em seus roteiros em outras épocas, é a Casa de Dante Alighieri, considerado um dos maiores poetas de todos os tempos pela sua obra “A Divina Comédia”. Dante era fiorentino, nascido ali, entre as ruas da capital toscana. E é possível visitar sua casa que virou museu. O ingresso custa 5€ e é possível contemplar diversas obras do poeta, incluindo alguns trechos da Divina Comédia.

Outra atração que só acontece nos meses de inverno, mais especificamente, em fevereiro, é o Carnaval. Claro que o de Florença não é tão famoso nem tão imponente como o Carnaval de Veneza, mas acontecem desfiles, que iniciam na Piazza Odnissanti em direção a Piazza della Signoria, onde é realizado o concurso de fantasias.

O que fazer em Florença no verão?

A gente caminha muito quando vai a Florença e no verão as temperaturas podem chegar facilmente aos 36 °C ou 38 °C. Muita água, cerveja gelada, Aperol Sprits, um prosecco ou vinho branco farão parte do seu dia, com toda a certeza.

Para curtir o verão em Firenze existe uma infinidade de bares, cafés e restaurantes ao longo das calçadas do rio Arno; você só precisa escolher o seu, embaixo de um ombrelone, pedir o seu drink e relaxar.

Mas se você estiver disposto a se afastar um pouco do centro histórico, dá para curtir uma bela piscina. Chama-se Piscina Le Pavoniere, e fica dentro do Parque Le Cascine, há poucos quilômetros do centro de Florença. Você vai precisar alugar uma bicicleta ou pegar um ônibus. Os ingressos custam de 8€ a 10€ nos finais de semana e fica aberta até as 19h.

O que fazer além do óbvio em Florença?

Se você já caminhou por toda a cidade, já entrou nos museus, já garantiu a sua foto do Davi, já comeu a bisteca fiorentina, que tal fazer um passeio para além de Florença?

Existem muitos tours de um dia que incluem o transporte em micro-ônibus, tickets de entrada nas atrações, alguns até com almoços e degustações de vinhos.

Um dos que mais gosto é uma excursão saindo de Florença para Siena, San Gimignano e Monterrigioni. Esse passeio é o que inclui degustação de vinhos e aceto balsâmico, além de almoço e passeio pelas colinas do Chianti. Essa é uma boa opção de bate e volta de Florença.

Outro é um passeio de Vespa pelas zonas rurais da Toscana, pertinho a Florença. Para esse passeio você já precisa saber andar de moto; ninguém vai te ensinar a usar a Vespa antes de iniciar o trajeto, mas, se você já sabe, vale muito a pena. Você vai passar por lindas colinas, campos de oliveiras e videiras, para em produtores de queijos e azeite para fazer degustação, e ainda experimenta uma seleção de salames e embutidos diretamente da fonte, em pequenos produtores locais.

Quanto custa viajar para Florença?

Viajar para Florença custa em torno de R$ 5.500 por pessoa durante 3 dias, sem as passagens de e para o Brasil.

Depois de tudo o que te contei acima, você pode imaginar que Florença não é um destino muito econômico. A hospedagem seguramente é o que mais vai impactar no seu bolso se você decidir se hospedar no centro histórico.

Os preços sobem muito nos meses de alta estação (junho a agosto). Por exemplo, um mesmo hotel que nos outros meses do ano custa 150€ a diária, entre os meses de alta estação pulam para 280€, quase o dobro.

As entradas em museus e palácios variam de 8€ a 18€, mas valem cada centavo, acredite.

A alimentação é um item muito difícil de prever; você pode querer comer barato, um sanduíche de pé (como sugeri acima, o All’antico Vinaio), que vai te custar entre 8€ e 12€, ou se sentar para comer uma pasta, que pode variar, dependendo do tipo do restaurante, entre 12€ e 25€. Já para saborear a bisteca fiorentina você vai precisar desembolsar pelo menos uns 60€.

Não incluí transporte público, mas se você precisar, os tickets custam 1,50€ por trecho.

Item Valor  para 3 dias
Hospedagem fora da alta temporada 560€
Dois passeios por dia 95€
Alimentação (considerando alimentação de rua e um jantar mais elaborado) 260€
Cafés/drinks/gelato 80€
Total: 995€ = R$ 5.462,55

* Este valor é estimado por pessoa, com hospedagem em hotéis categoria três estrelas ou similares, tomando por base 3 dias de passeios, com ingressos para pelo menos 2 atrações por dia, com alimentação e sem passagem aérea. O valor foi convertido para real considerando a cotação de 1 de maio de 2023, 1€ = R$ 5,49.

Quantos euros levar para Florença?

Como padrão, sempre recomendo levar um pouco a mais do que o indicado acima; entre 50 e 80€ por dia de viagem, se o hotel já estiver pago, para não passar vontade, afinal, você está de férias, se planejou e se organizou para essa viagem, merece curtir tudo o que tiver vontade.

E aqui vai outra dica preciosa: hoje em dia, pouquíssimas pessoas usam dinheiro em papel, por toda a Europa. Aliás, existem muitos estabelecimentos comerciais que já não aceitam dinheiro em espécie, de jeito nenhum – depois da Covid isso ficou super normal.

Então, meu conselho é usar o cartão Wise, que possibilita transferir dinheiro para o cartão com o câmbio comercial e as taxas mais atrativas do mercado. Uso a Wise desde que cheguei aqui na Europa, ele é multimoeda e bem simples de gerir – e em segundos.

Qual o gasto diário em Florença?

Levando em consideração os museus, alimentação, drinks, cafés e todos os sorvetes que você vai experimentar, excluindo nesse caso o hotel, eu sugiro separar uns 110€ por dia. Mas como já havia dito, tudo vai depender dos tipos de passeios que você escolher fazer e onde você for comer em Florença.

O que não deixar de comer em Florença?

A culinária toscana é uma das mais famosas e apreciadas da Itália. Rústica e com insumos vindos diretamente do campo, entrega ingredientes frescos e sempre da estação, além de alta qualidade dos produtores.

Outros dois pratos tradicionalíssimos da Toscana são a Pappa al Pomodoro e a Ribollita. A Pappa al Pomodoro é um prato feito de pão envelhecido, molho de tomate, manjericão, alho e muito azeite de oliva, que acaba se transformando em uma massa, tipo uma papa mesmo, e se come fria ou quente, como entrada. Já a Ribollita é uma sopa feita de legumes, feijão, couve e pão.

Quer provar algo igualmente típico, mas bem mais “roots, eu diria, do que a Pappa al Pomodoro? Então aventure-se no Panino di Lampredotto, um sanduíche feito com carne de lampredotto (estômago da vaca), cozida lentamente em caldo de cenoura, cebola, aipo e ervas, até ficar muito macio a ponto da carne se desmanchar.

A melhor bisteca do mundo

Um dos pratos mais famosos, a Bisteca Fiorentina, que como já comentei acima, é um corte muito parecido com o T-Bone, mas proveniente de uma criação especial de vacas, que se chama Chianina. Na Itália, bisteca não é sinônimo de carne de porco, como no Brasil. Trata-se de um corte específico de carne de vaca, aquele que tem um osso em ‘T’ e pedaços suculentos e macios, que se assemelham ao nosso filet mignon.

Sua apresentação é muito rústica, na verdade, ela geralmente vem sobre uma chapa de ferro quente ou uma tábua de madeira, somente assada com sal grosso e azeite de oliva – e muito mal passada. Aviso para os que não curtem ‘boi berrando’: os italianos odeiam que peçam para passar mais o ponto da carne.

Bisteca fiorentina
A bisteca é m orgulho dos florentinos, e não peça bem passada, pois é uma ofensa

Conhecido como T-Bone em muitos lugares do mundo, aqui em Florença se chama Bisteca Fiorentina, e é feita com a carne de uma tipologia específica de gado de corte, a Chianina, criação tipicamente italiana.

Por todos os lugares você vai ver ofertas de Bisteca Fiorentina, tanto para o almoço quanto para o jantar. E aqui vão três dicas preciosas:

  1. Recomendo deixar para o fim do dia, para você poder desfrutar com calma, saboreando cada pedacinho com uma excelente garrafa de Chianti Reserva;
  2. Peça ajuda ao sommelier para escolher o Chianti perfeito para acompanhar a sua bisteca. Existem muitos tipos de Chianti, centenas de produtores, os que fazem envelhecimento em carvalho e os que não fazem. Para acompanhar a sua bisteca fiorentina você precisará de um Chianti encorpado, com um toque de envelhecimento em barricas e ainda um pouco mais de tempo na garrafa;
  3. Não fique em dúvida, vá na Trattoria Dall’Oste, um ponto de referência desde 1979 e uma unanimidade em Florença, para se degustar com 100% de garantia a bisteca da carne de Chianina, o gado de criação italiana.

Os vinhos do Chianti

Não podemos deixar de citar os vinhos, os famosos Chianti. Diferente dos que muitos pensam, Chianti não é nome de uva, mas de uma região, delimitada e controlada para que todos os produtores executem as melhores técnicas e entreguem vinhos certificados para todo o mundo.

A regulamentação do Chianti reza que ele deve ser produzido apenas numa determinada região da Toscana, que compreende aproximadamente 70 mil hectares, abrangendo as províncias de Siena, Florença, Arezzo e Pisa, incluindo as pitorescas cidades e vilas, como Radda in Chianti, Greve in Chianti, Panzano e Castellina in Chianti.

Os vinhos são feitos a partir da uva Sangiovese, autóctone deste território, mas também é permitido acrescentar até 30% de outras variedades, autóctones ou não. Uma dica bacana é agendar um tour pelas Vinícolas Chianti com degustação de vinho e iguaria.

Aproveite e veja também nosso guia “Descobrindo o vinho toscano“.

Lenda do Gallo Nero del Chianti

Você conhece a lenda do Gallo Nero del Chianti? Na época em que Florença e Siena eram inimigas e rivais, estabeleceu-se uma disputa pelo tamanho do território, principalmente por causa do vinho.

Então, optaram por resolver a disputa, colocando dois cavaleiros para cavalgarem, cada um saindo do marco zero de suas cidades, a partir do primeiro galo que cantasse em suas terras. No local onde os cavaleiros se encontrassem, seria a demarcação dos limites de cada uma das cidades.

O imperdível All’antico Vinaio

Em Florença temos um simples ‘panino’ ou sanduíche que se tornou uma lenda, o All’antico Vinaio. Se você fizer uma pesquisa simples na internet verá que eles se tornaram uma verdadeira lenda em Florença, sendo uma das empresas com o maior número de reviews no Trip Advisor e avaliada como tendo o melhor sanduíche do mundo.

Atualmente, as filas para comprar um sanduíche dobram o quarteirão em meio ao centro histórico de Florença nos horários de almoço e fim do dia.

Pessoas fazendo fila para comprar o panino mais famoso de Florença.
A fila é sempre grande, mas você irá provar a melhor schiacciata de Florença. Foto: Cyntia Braga

Mas o que eles fazem de tão bom? A primeira coisa é que não se trata de um sanduíche feito com um pão simples. É uma schiacciata: um pão italiano semelhante a focaccia, feito da melhor farinha italiana, sal, água e fermento.

Ele cresce pouco, mas se mantém crocante por fora e macio por dentro. Mas o grande segredo do sucesso deles é a quantidade de recheio que eles colocam nos sanduiches. Pode ser salame, prosciutto, porchetta, creme de pistacchio e tomates, mozzarella ou parmesão, tartufo ou pecorino romano, enfim, uma maravilhosa infinidade de ingredientes.

Os saborosos gelatos

E a última coisa que não poderia deixar de citar, claro, são os sorvetes, aqui chamados de gelato. São milhares de opções.

Recomendo particularmente dois: um mais famoso que se chama Venchi, e que tem muitas lojas espalhadas pela cidade. O outro foi uma descoberta maravilhosa de uma amiga que é guia em Firenze, que se chama Gelateria Edoardo. Não deixe de provar!

Onde se hospedar em Florença?

Adoro conhecer hotéis diferentes; fujo dos hotéis de rede quando estou viajando por lugares cheios de cultura e de história, como a Itália. E no caso de Florença ainda mais. Tem hotéis antigos reformados, tem pousadas cheias de charme que foram residências de famílias nobres dos séculos passados. Bons achados, se você pesquisar direitinho.

Tenho três recomendações especiais de onde ficar em Florença, que as conheço pessoalmente, pois já me hospedei.

A primeira delas é o TerraArtis Guest House, um guesthouse idealizado em um dos prédios antigos na zona urbana de Florença, há poucos minutos a pé da Piazza del Duomo, por um casal de italiano e brasileira.

São nove quartos com decoração e padrão de qualidade e conforto acima da média. Todos os quartos com grandes nomes italianos, como Michelangelo, Donatello, Rafaello, Brunelleschi, Dante, entre outros.

Minha outra dica é o 25Horas Hotel San Paolino, que eu havia comentado acima, para você ir conhecer o bar/restaurante deles. Um hotel diferenciado, um pouco mais chique e requintado e que te entrega uma hospedagem cheia de conforto e sofisticação, no centro histórico de Florença.

E a terceira dica é igualmente especial, o NH Collection Porta Rossa. Uma belíssima reforma realizada em um edifício histórico do século XIII, e considerado um dos hotéis mais antigos da Itália, que preservou afrescos nos quartos, recepção e sala de café da manhã. Também no centro histórico de Florença, perto do Duomo e Galleria degli Uffizi.

Qual o melhor transporte para aproveitar Florença?

Para mim, a melhor forma de conhecer Florença é a pé! Mas claro, que para isso, você precisa reservar o seu hotel no centro histórico ou muito próximo dele (opções não faltam).

No entanto, o transporte público de Florença é muito eficiente e organizado, composto de ônibus urbanos e trams que cortam toda a cidade. Também é muito fácil adquirir os bilhetes: nas bancas de jornais, aqui chamadas de Tabachi, nas estações de trem e nas paradas de ônibus. Você vai ver um pequeno terminal perto dos pontos. Lembre-se de validar os bilhetes quando entrar no ônibus ou no tram.

Além disso, Florença também oferece a opção de ônibus turísticos hop-on hop-off, aqueles ônibus panorâmicos de dois andares com o qual você pode ir parando em vários pontos, passar um tempo no atrativo e depois subir novamente em outro ponto e dar continuidade ao trajeto.

Em Florença existem duas linhas e pacotes de 24, 48 e 72 horas. A linha A sai da estação Santa Maria Novella às 9h20, com frequência a cada 30 minutos. Já a linha ‘B’ sai às 10h15 do aeroporto, com frequência a cada 60 minutos. .

Já para os que decidem alugar um carro é importante dizer uma coisa: muito cuidado com as ZTLs – Zonas de Tráfego Limitado. Se você vir uma placa de trânsito branca, com um círculo preto e vermelho, não entre. Ali é uma região de moradores e só carros autorizados podem entrar. Não se iluda: sempre tem uma câmera monitorando e ela vai fotografar a sua placa e te mandar uma multa. E o centro histórico de Florença é uma dessas zonas. Eu mesma já tomei várias, logo que cheguei aqui!

Como se planejar para visitar Florença?

Já havia comentado acima dos passeios que o GetYourGuide oferece para bate e voltas de Florença, mas, além disso, eles também te ajudam a garantir seus ingressos de entrada em museus e palácios com antecedência, evitando as grandes filas e, ainda, a possibilidade de você não conseguir entrar na atração. Organize-se antes de mesmo de embarcar; já compre seus bilhetes.

Além disso, Florença provavelmente será uma das paradas na sua viagem à Itália e, uma viagem ao exterior é sempre bem planejada. No entanto, não custa nada a gente dar aquela lembradinha de alguns itens indispensáveis para que a sua viagem transcorra tranquila.

Seguro viagem

Sim, eu sei que a gente normalmente não usa, mas tem que ter. A maioria dos países da Europa, que faz parte do Tratado Schengen, exige um seguro-viagem para você entrar. Então, não corra risco de começar a sua viagem com dor de cabeça.

Recomendamos o Seguros Promo para a cotação do seguro viagem Itália, nele você encontra uma ampla oferta de seguradoras com preços bastante atrativos.

Chip internacional

As operadoras de celular do Brasil oferecem roaming internacional em seus planos, mas, muito deles são bem caros.

Para você já chegar conectado na Europa e não passar perrengue sem o Google Maps, por exemplo, já saia do Brasil com um chip internacional. Recomendo a America Chip, uma companhia que oferece chip internacional com excelente custo-benefício e que opera em mais de 200 países.

Bem, roteiro feito, seguro e chip definidos, só me resta te desejar uma excelente experiência na bela Florença. Auguri!