Tenho uma memória afetiva muito marcante com cheiros e sabores da Hungria. Neste guia sobre onde comer em Budapeste, trago um pouco dessa memória para te conduzir por um “menu degustação” da culinária húngara, desde as comidas que a minha avó cozinhava no dia a dia até o foie gras harmonizado com o famoso vinho de Tokaji – uma combinação mais do que perfeita.

Onde comer em Budapeste?

A cozinha húngara é pouco conhecida no mundo. Talvez com exceção do goulash, quase nenhum prato transcende as fronteiras do país, o que faz qualquer turista se sentir perdido em um restaurante húngaro.

Há uma grande variedade para todos os gostos e bolsos. Mas isto não quer dizer que a comida é ruim ou pouco diversa. Em meio a tantos pontos turísticos em Budapeste, você encontrará uma ampla variedade de comidas.

Entre as opções mais acessíveis estão o lángos e o kürtőskalács (mais conhecido atualmente como “chimney cake”), sopas substanciosas como o főzelék (de legumes) e a halászlé (de peixe), e pratos do dia a dia saborosos com muita batata, carne, embutidos e páprica.

A jornada pode se tornar mais aventureira se você não tiver preconceito com combinações, digamos, diferentes como massas levemente açucaradas com sementes de papoula ou nozes, ou então bolinhos recheados de ameixa como prato principal, que a minha avó sempre fazia para agradar meu pai. Sim, o prato principal pode ser doce na Hungria.

Prato de sopa fria de cereja
A jornada gastronômica em Budapeste reserva surpresas, como a sopa de cereja. Foto: Peter Füssy

Nos últimos anos, a Hungria tem chamado atenção pela qualidade de seus restaurantes, com 9 estabelecimentos estrelados no Guia Michelin em 2022. O Brasil, muito maior em território e população, tem 13 restaurantes estrelados no total. Poucos sabem, mas a Hungria é o segundo maior produtor de foie gras do mundo.

Independentemente do valor que você tem para gastar, passe reto pelas redes de fast food internacionais durante sua viagem. De um modo geral, o preço da comida é mais em conta do que na maioria das capitais europeias, então aproveite para expandir seus horizontes gastronômicos. Você não vai se arrepender.

Uma dica: tão importante quanto ter uma lista de restaurantes em Budapeste, é ter uma lista de onde não comer. Então, sugiro que evite os estabelecimentos da rua Váci, que oferecem um “tourist menu” a preços interessantes, mas de qualidade extremamente duvidosa.

Aliás, sempre desconfie de restaurantes que oferecem “tourist menu”. Em qualquer lugar. Em qualquer cidade.

Onde comer barato em Budapeste?

Comer barato em Budapeste é a minha especialidade. Morei em Budapeste quando era estudante, então, quando não ia “filar boia” na casa da minha avó, sempre procurava lugares com o melhor custo-benefício. Aqui vai uma lista dos meus preferidos:

Belvárosi Disznótoros

São poucos os lugares que se mantêm fiéis às origens mesmo depois do hype. Este é um deles. O Belvárosi Disznótoros ficou “famoso” depois que o talentoso chef e documentarista Anthony Bourdain passou por ali em 2015.

Desde então, os trabalhadores locais ficam lado a lado com turistas na fila, mas essencialmente nada mudou. O lugar é um açougue que grelha as próprias carnes em um estilo “fast food” artesanal.

No balcão esquerdo estão as carnes cortadas e marinadas. É possível pedir linguiças feitas com fígado e sangue por 900 forints (2,50€ ), coxa de pato frita por 1.600 (4,50€) e carne de porco Mangalica recheada com bacon, mostarda e cebola por 1.800 (5€ ). O porco Mangalica é uma raça local coberta por um pelo espesso, quase como uma ovelha, cuja carne tem aparecido em restaurantes conceituados na Europa nos últimos anos.

Embora seja basicamente um açougue, vegetarianos também são bem-vindos. O queijo empanado e frito sai por 1.100 forints (3€), praticamente o mesmo preço da abobrinha e do cogumelo empanado, que recomendo até mesmo para quem come carne. Há também o menu do dia que pode ter pratos tradicionais, como o gulyás – uma versão do goulash, mas em formato de sopa com batatas.

Sopa gulyas servida em panela
O Gulys se aproxima do Goulash, mas vale experimentar as duas versões. Foto: Peter Füssy

No balcão direito estão os acompanhamentos, que, como se pode imaginar, são simples e baratos: batatas fritas, batatas com cebolas, arroz, repolho, picles, e saladas prontas, que não passam de 700 forints (2€). Ou seja, com cerca de 3.000 forints (8€) é possível comer e ainda beber uma cerveja.

“Um lugar dos sonhos, uma paisagem de delícias assadas, fritas e curadas”, foi o que disse Bourdain na sua visita ao Disznótoros, que possui duas filiais na região central de Budapeste. Uma fica na rua Károlyi Mihály 17, em frente ao Museu Petofi de Literatura, e a outra unidade fica na rua Király 1, próximo à praça Deák Ferenc.

Pozsonyi Kisvendéglő

Se você quiser conhecer toda a variedade da cozinha húngara sem gastar muito, Pozsonyi Kisvendéglő é o lugar. A uma distância caminhável do Parlamento de Budapeste, na rua Radnóti Miklós 38, este pequeno restaurante tem um menu extenso, decoração de casa de vó, com toalhas vermelhas quadriculadas e pratos sem frescura.

As porções são generosas, então não perca tempo nas entradas. Experimente um marha pörkölt, que é o mais próximo do goulash austríaco: um guisado de carne de vaca com molho de páprica intenso, servido com nokedli, uma massinha rústica sem formato definido. Custa 3.400 forints (9€).

Ou então, escolha um dos preferidos para os dias de visita na casa da minha avó: o vadas, que também leva pedaços de carne de vaca, mas com um molho alaranjado feito com vegetais e bolinhos de pão. Que vontade! Poderia escrever um livro apenas com o cardápio deste restaurante.

Prato cigany pecsenye com batatas e salada
O ciganypecsenye é um prato que você precisa experimentar. Foto: Peter Füssy

Um dos meus favoritos é o cigánypecsenye (3.800 forints ou 10€), uma bisteca com alho, bacon e batatas. Algumas opções são sazonais, como o pimentão recheado com arroz e carne e molho de tomate, que é preparado apenas no verão, e o repolho recheado, que é feito no inverno.

De sobremesa, experimente os bolinhos com ricota (túrógombóc) por 1.800 forints (5€) ou então a clássica Gundel palacsinta, uma panqueca fina recheada com nozes, uva passa e toque de rum, coberta com calda de chocolate (2.000 forints ou 6€). Como o restaurante é pequeno, vale a pena reservar uma mesa para não esperar muito.

Frici Papa Kifőzdéje

Com relação ao custo-benefício, nenhum outro restaurante em Budapeste vai superar o Frici Papa Kifőzdéje, localizado na rua Király 55, próximo à Ópera. Nestes casos, o ambiente sempre deixa a desejar. As mesas são cobertas com plástico e o lugar é sempre barulhento. Não dá para se ter tudo.

Aqui o cardápio muda todas as semanas, mas sempre varia em torno de clássicos do dia a dia, como o nokedli com ovos e picles (1.999 forints ou 6€), couve-flor empanada (1.499 forints ou 4€) e o sertés pörkölt (2.499 forints ou 7€), mais uma vez, o guisado com páprica, mas agora feito com carne de porco.

Há também o menu do dia por 2.200 forints (6€) com sopa de entrada, prato principal e sobremesa. São duas opções diárias. Se você der sorte, pode pegar o dia da sopa fria de cereja (meggy) ou de framboesa. Para mim, ter sopa fria de frutas no menu é o mesmo que dizer que chegou o verão: aquele momento de alegria antecipado por meses de espera e frio.

Buja Disznó(K)

Mesmo na lista dos bons e baratos, este aqui tem grife. O Buja Disznó foi criado pelo chef Lajos Bíró e é focado na carne de porco empanada, a versão húngara do schnitzel austríaco ou alemão.

Talvez você já tenha percebido que a culinária do leste europeu é semelhante em diversos países, com algumas variações em cada um – herança de séculos em que as fronteiras não eram assim tão definidas como atualmente.

No caso do Buja Disznó, eles não se restringem a empanar e fritar apenas um largo e fino bife de carne de porco, mas também a orelha do porco (disznófül), o filé da coxa do frango (no estilo torikatsu japonês), o fígado de pato e também nacos de queijo. Todos esses pratos variam entre 3.600 e 3.980 forints (9€ a 11€).

Às sextas-feiras, o menu inclui o sólet, ou cholent, um cozido de origem judaica que leva feijão, cevadinha, páprica (óbvio), carne defumada e um ovo cozido, acompanhado por um pãozinho com patê de fígado de ganso.

E o melhor de tudo é que você pode encontrar o Buja Disznó na saída dos banhos termais Széchenyi, no parque Városliget. Há também outra opção na parte de Buda, dentro do mercado da rua Fény, que fica colado ao shopping center Mammut, na rua Lövőház 12.

Mercadão (Nagy Vásárcsarnok)

Comer no principal mercado de Budapeste pode ser uma “tourist trap”, assim como o “mercadão” de São Paulo, mas siga estes conselhos e você não vai se sentir lesado. Só incluo ele aqui porque é um dos pontos obrigatórios no roteiro sobre o que fazer em Budapeste e acaba reunindo diversos atrativos: arquitetura, localização, história, cultura e comida.

O “mercadão” fica em um ponto privilegiado de Peste, na Vámház krt. 1-3, bem pertinho da ponte da Liberdade (Szabadság) e da rua Váci. Na parte térrea do belo prédio centenário, é possível ter uma prévia do que é a culinária húngara por meio de seus ingredientes in natura, suas cores e seus aromas.

Suba ao segundo andar para encontrar diversos estandes de comidas prontas e souvenirs supervalorizados. Vá direto ao assunto: prove um lángos – um disco de massa frita, tradicional em eventos ao ar livre e no verão, mas que pode ser encontrado no mercado durante o ano inteiro.

Langos de queijo em caixa de papelão
No “Mercadão” de Budapeste, você encontrará deliciosos lángos para provar. Foto: Peter Füssy

O recheio vai em cima, como uma pizza. Os mais “puristas” pedem apenas com alho ou com sour cream e queijo ralado, mas também dá para incluir bacon, linguiça, etc. Evite as demais combinações, e também a versão doce, que são apenas deturpações para enganar turistas e encarecer o preço.

Os vendedores tentarão empurrar mais coberturas. Rejeite com firmeza. Um lángos simples não deve custar mais de 2.000 forints (5€). No mesmo corredor, há uma grande oferta de comidas locais no estilo “fast food”, que não valem a pena. Se preferir, divida o lángos com seu companheiro de viagem e guarde espaço para a sobremesa.

Desça ao corredor central do mercado e encontre o estande de strudel, que é chamado de “rétes” na Hungria. O strudel ficou mundialmente conhecido na versão austríaca feita com maçã, mas também é um doce tradicional húngaro.

As diferenças são a massa mais fininha e os recheios variados: cereja e semente de papoula estão entre meus favoritos. O rétes aqui é sempre fresquinho e muitos locais também gostam de levar a iguaria para casa.

Melhores lugares para comer em Budapeste

Aqui vamos deixar o foco no custo-benefício para viajar pelos restaurantes mais famosos e bem avaliados de Budapeste.

O lado bom é que isso não significa necessariamente uma experiência de luxo, embora essa opção também esteja na mesa. O lado ruim é que não dá para chegar sem reserva. Então, planeje-se e garanta sua mesa com alguma antecedência.

Rosenstein

Este restaurante familiar localizado no oitavo distrito (rua Mosonyi 3) recebe ao mesmo tempo estrelas internacionais e húngaros que apreciam uma cozinha tradicional de alto nível.

No Rosenstein, o ambiente é agradável construído para você se sentir como um convidado da família Rosenstein. O fundador, Tibor, já passou dos 80 anos e deixou o comando para o filho, Robert, mesmo assim ainda pode ser visto no salão conversando com clientes.

Aqui os pratos vão desde o foie gras grelhado na frigideira com molho Tokaji (aquela combinação imperdível que já mencionei) por 10.500 forints (28€) até o prato do dia, que pode ser uma panqueca de carne ao estilo de Hortobágyi por 4.000 forints (10€) ou então um pato servido com repolho e batata rosti por 5.200 forints (14€). O cardápio é extenso e inclui opções vegetarianas. Ou seja, literalmente, para todos os gostos e bolsos.

As sobremesas são especialidades que mães e avós húngaras estão cansadas de fazer. Por exemplo, o Somlói galuska (2.100 forints ou 5,50€) consiste basicamente em pedaços de bolo cobertos com calda de chocolate e chantilly.

O Császármorzsa (migalhas do imperador, em tradução livre) são exatamente isso, pedaços de massa açucarada com geleia. Há também panquecas, massa com ricota, e purê de castanhas (outro favorito do meu pai).

A família Rosenstein também produz sua própria pálinka – destilado de frutas característico da Hungria –, então peça um “shot” de pálinka de ameixa ou cereja (1.900 forints ou 5€).

Menza

Este restaurante localizado na praça Liszt Ferenc 2 está rodeado de outras opções mais ocidentais com ofertas para turistas. Ele mesmo oferece também hambúrgueres, massas e risotos, mas ainda não esgotamos nossas sugestões de comida húngara. Então seguimos nossa jornada.

Entre os pratos fixos do Menza, estão um saboroso lecsó (o favorito do meu pai), que é uma espécie de ratatouille com pimentão, tomate e cebola, que leva também ovo e/ou linguiça por 3.190 forints (8,60€), um steak coberto com cebola crisp, batatas, molho e picles caseiro (5.790 forints ou 15,50€), e o sempre presente foie gras, só que dessa vez com molho de cereja e purê de batatas (7.290 forints ou 20€).

No almoço durante a semana, há sempre duas opções com sopa e prato principal, sendo uma vegetariana e a outra não. Aproveite para experimentar um fröccs, um drink feito com vinho branco ou rosé e água com gás, e encerre a refeição com um Unicum, um amargo licor de ervas que era considerado remédio até pouco tempo atrás.

Gettó Gulyás

Esta dica é valiosa para quem quer combinar a experiência de um “ruin bar” com uma refeição de qualidade. O Gettó Gulyás fica na rua Wesselényi 18, a poucos passos do Szimpla Kert, o mais famoso e agitado ruin bar de Budapest.

Embora já esteja completamente tomado por turistas, o ambiente é aconchegante e elegante – ideal para um pré-balada ou jantar a dois. Como o nome já entrega, é claro que um delicioso gulyás não poderia faltar no cardápio, servido com pão de fermentação natural, por 1.590 forints (4,30€)

No entanto, o destaque é a grande variedade de pörkölt, que podem ser feitos com frango, porco, vitela, cordeiro, fígado, ou cogumelos para os vegetarianos. O cozido vem acompanhado do nokedli (massa disforme de ovos), pão e picles, bolinhos de pão, ou batatas. Os preços variam entre 3.190 a 4.890 forints (8,60€ a 13€).

Stand25 Bisztró

Agora vamos cruzar o Danúbio para o lado de Buda e passar a outro patamar. Situado na rua Attila 10, a poucos minutos a pé da Ponte das Correntes e do Castelo de Buda, o Stand25 representa o melhor da moderna gastronomia húngara, mas ainda não cobra preços exorbitantes para menus com 8 pratos como o seu irmão mais velho Stand, que possui duas estrelas Michelin.

O Stand25 é mais acessível e menos formal, porém possui o mesmo rigor quanto à qualidade dos ingredientes e dos pratos, que misturam o tradicional e o contemporâneo. Então, é possível encontrar ali o goulash e o fígado de pato ao lado de beef tartar e sopa de cebola ao estilo francês.

Stand 35, excelente opção de onde comer em Budapeste
O restaurante Stand25 representa o melhor da moderna gastronomia húngara – e definitivamente vale a visita

A massa caseira nokedli, por exemplo, vem acompanhada de cogumelos tostados e folhas de alface marinadas no vinagre (4.900 forints ou 13€). Eu escolheria o Brassói szűzpecsenye, um prato tradicional da Transilvânia (que já foi parte da Hungria) tão simples quanto carne picada com batatas guarnecido por salada de pepino (6.900 forints ou 18€).

Você também pode escolher um menu com entrada, prato principal e sobremesa, por 15.900 forints (43€). Neste caso, paga-se um pequeno suplemento caso escolha o foie gras de entrada, mas nada que vá fazer muita diferença na conta final.

Salt

Se a ideia é ter uma experiência única, o lugar é sem dúvida o Salt. Localizado dentro de um hotel boutique no centro de Budapeste, este restaurante recebeu uma estrela Michelin e também uma “green star”, que foi criada em 2021 para condecorar os estabelecimentos mais comprometidos com uma gastronomia sustentável.

Isso quer dizer que a equipe do Salt transforma produtos simples em refeições requintadas e tudo é feito sob os olhos dos clientes: a mesa do chef Szilard Toth fica no meio do restaurante. Como os ingredientes são selecionados diariamente, o Salt não tem um menu, apenas a degustação de 15 pratos misteriosos, que custa 49.500 forints (133€).

Mas a partir de relatos de clientes e da equipe, é possível dizer que alguns pratos são recorrentes, como o “zsíros kenyér”, que nada mais é do que pão com banha de porco – algo que fazia parte do cardápio escolar húngaro até os anos 1980, como é o meu caso. Até hoje, comer pão com banha é uma piada entre meus amigos brasileiros. É claro que no Salt, o pão com banha fica “chique” com um pouco de caviar, bacon e pele de cordeiro.

Outros ingredientes que apareceram nos pratos do Salt são formigas, sopa com cérebro, e caracóis. Todos eles eram utilizados antigamente até que a indústria em larga escala tornou a carne mais acessível. Agora, parece que ser sustentável é buscar estas origens e aproveitar de forma mais razoável o que a natureza oferece.

Degustação e experiências gastronômicas em Budapeste

Há diversos passeios que incluem degustação e experiências gastronômicas em Budapeste. De comidas de rua a degustação de vinhos húngaros, o Get Your Guide oferece algumas opções interessantes que juntam história e comida. Um dos mais procurados é o cruzeiro no Danúbio com jantar e música folclórica.

Reserve o que mais tem a sua cara!

Atividade Valor por pessoa (a partir de)
Cruzeiro no Danúbio com jantar húngaro e música 55€
Cruzeiro com jantar de 6 pratos com opereta e show folclórico 84€
Degustação de vinhos, queijos e charcutaria 46,69€
Degustação de culinária húngara 29,99€
Street Food (Langos) fazendo aula e degustação de vinhos 70€
Excursão diurna sobre vinhos e história com almoço e Palinka 95€
Tour pelo mercado e aula de culinária húngara 150€
Ruin Bar Tour 110€

Meus restaurantes favoritos em Budapeste!

Depois de tantas dicas sobre bons restaurantes para comer, pode parecer contraditório, mas eu não recomendo ir em nenhum dos meus restaurantes favoritos de Budapeste. A explicação é simples: todos eles estão ligados a memórias afetivas, e não à comida em si. De qualquer forma, deixo aqui três opções para você ir por sua conta e risco.

O primeiro deles é a Nagyi Palacsintázója, algo como “Panquecaria da vovó”, na praça Batthyány 5. Só conheci este “fast food” de panquecas porque é um dos poucos lugares que ficam abertos 24 horas na cidade e não foram poucas as vezes em que passei por lá de madrugada, voltando de uma festa e morrendo de fome. Pode ser que você passe pela mesma situação. Há dezenas de opções com preços entre 350 e 1500 forints (1€ a 4€).

Em seguida, apresento-lhes o Marxim, um bar de temática comunista com pizza barata e outros pratos totalmente esquecíveis. Ele fica na rua Kis Rókus 23, mas ali você só verá uma porta e uma escada para o subsolo. As mesas são separadas por arames como num campo de trabalho forçado e completamente rabiscadas. Tenho certeza que todos os itens de decoração são originais do período comunista. Não sei quem me levou ali pela primeira vez, mas virou um ponto de encontro quase todos os finais de semana.

Por fim, o pub For Sale, um bar para turistas perto do mercadão, na Vámház krt. 2. O lugar é pelo menos peculiar. Eles oferecem baldes de amendoim de graça e você é orientado a jogar as cascas no chão. Não bastasse isso, as paredes são completamente tomadas de papéis com anotações dos clientes. Por acaso, um deles (se ainda estiver lá) é meu e marcou o dia em que eu e minha esposa decidimos morar juntos e nos casar.

O que saber antes de sair para comer em Budapeste

Com exceção dos restaurantes em que é preciso fazer reserva, a maioria não tem anfitriões para receber os clientes e levá-los às mesas. Então, se houver mesas livres, você pode escolher uma mesa por conta própria.

Ao se sentar, verifique se o restaurante oferece um menu de almoço de segunda a sexta-feira com preço fixo. Geralmente, eles são mais vantajosos do que o a la carte, sem perder na qualidade.

Muitos restaurantes em Budapeste fecham aos domingos, às vezes até durante todo o fim de semana, como no caso dos “étkezdes”, que são estabelecimentos familiares que abrem apenas no almoço de segunda a sexta-feira. Portanto, sempre verifique o horário de funcionamento antes de sair pela cidade.

Com relação à gorjeta, 10% é o padrão aplicado em restaurantes e bares, mas o valor pode ir até 15% em restaurantes estrelados. Nos restaurantes mais novos, o serviço já vem cobrado automaticamente na conta.

Verifique os zeros na conta antes de pagar. A maioria dos preços passa dos milhares, talvez dezenas de milhares, então leva um tempo para se acostumar com a conversão. Alguns lugares ainda aceitam apenas dinheiro, então geralmente é uma boa ideia levar algum na carteira.

Perguntas frequentes sobre onde comer em Budapeste

Pode ser que você seja uma das raras pessoas que já tenha ouvido falar na gastronomia húngara e tenha interesse em experimentar um prato específico. Aqui vão algumas dicas para as buscas mais comuns sobre o tema:

Onde comer Lángos em Budapeste?

Um lugar quase certo para comer um bom lángos em Budapeste é em algum dos diversos mercados espalhados pela cidade. Já citei o mercado central, que é o mais turístico, e indico também o Klauzal Market no bairro judeu (rua Akácfa 42-48) e o Rákóczi Market no oitavo distrito (praça Rákóczi 7-9), que certamente entregarão uma experiência mais autêntica (e barata).

Além disso, nos últimos anos, vendedores de lángos fixaram residência em pontos de grande fluxo de turistas. Um dos melhores é o Retro Lángos, na avenida Bajcsy-Zsilinszky 25. Ali, há até mesas para sentar e o lángos custa de 1.800 a 3.800 forints (4,80€ a 10€). Se você passar pela Basílica de Santo Estevão, vai encontrar por ali o Lángosh, que também oferece a iguaria sem muita invencionice.

Outra opção fica no Street Food Karavan, ao lado do Szimpla, na rua Kazinczy 18. No entanto, apenas durante a primavera e o verão, já que o parque todo fica fechado no inverno. Deve ser o único lugar em que é possível comer um “lángos burger”. Isso mesmo, duas peças de lángos com hambúrguer e queijo no meio. Boa sorte!

Onde comer Goulash em Budapeste?

Aqui temos que fazer uma distinção. Se você procura o prato que é um caldo avermelhado, com carne e batatas, servido com pão, ele é mais conhecido na Hungria por “gulyás” ou “gulyás leves” (que seria sopa de goulash). Se você busca o cozido de carne picada com molho espesso servido com spaetzli (ou nokedli, em húngaro), ele chama-se pörkölt.

Aqui, vou assumir que você busca o gulyás, que é figura certa em quase todo restaurante de cozinha húngara que se preze. Desse modo, você vai comer um ótimo gulyás nos lugares que já citamos acima, como Gettó Gulyás, Menza, Rosenstein, e Stand25 Bisztró.

Pessoa comendo Goulash
Não será difícil encontrar um bom Goulash: qualquer bom restaurante húngaro que se preze inclui o prato no menu

Além deles, sugiro o Kiosk, que é muito mais “chique” do que o nome sugere. Fica na praça Március 15 4, com vista para o Danúbio e para a ponte Elizabete. O cardápio tem muitos pratos internacionais, mas o gulyás é tradicional. Para uma experiência mais local, sugiro o Tüköry (rua Hold 15), que recebe comensais desde 1958.

Onde comer Fozelék em Budapeste?

O húngaro não começa uma refeição sem uma sopa, caldo, ou creme. O fozelék é mais próximo do que chamamos de creme no Brasil, geralmente algum legume cozido e engrossado com um similar do creme de leite. O cheiro do fozelék é uma das memórias olfativas mais marcantes da minha infância.

Além de entrada, o fozelék pode virar prato principal quando acompanhado de uma carne, ovo ou pão. Os mais comuns são de ervilha, abóbora, lentilha, espinafre, repolho, vagem e batatas. Geralmente, a oferta de fozelék varia conforme os ingredientes estão disponíveis, ou seja, ele deve aparecer como sopa do dia no cardápio.

Um dos restaurantes mais tradicionais do centro de Budapeste, o Café Kör tem seu menu escrito à mão em um rolo de papel gigante e praticamente todos os dias tem fozelék. O de vagem com fasírt (um pequeno bolo de carne empanado e frito) sai por algo em torno de 3.200 forints (cerca de 8,60€).

Outro lugar perfeito para experimentar o fozelék do dia é o restaurante familiar Kívánság Étkezde, na rua Alsó erdősor 36. É um lugar bem menos sofisticado, que parece ter parado no tempo, mas que faz comida boa e fresca todos os dias.

Onde comer Halászlé em Budapeste?

A tradução literal de halászlé seria “sopa do pescador”. É um dos pratos mais tradicionais da culinária húngara, picante e intenso, mas não é tão fácil de achar em Budapeste, sendo mais comum no interior do país.

Um dos poucos lugares especializados em halászlé de Budapeste é o Horgásztanya, na avenida Fő 27, no lado de Buda. Ali, você pode escolher entre uma tigela ou uma pequena panela de sopa, que remete ao modo tradicional de cozinhar a sopa de peixe: em panela de ferro com alça, pendurada sobre o fogo de chão.

Você também pode escolher a variedade de peixe da sua sopa, sendo mais comum a carpa ou o bagre. As sopas custam entre 3.000 forints (8€) a tigela e 5.700 forints (15€) a panela que serve duas pessoas.

Onde comer Kurtos em Budapeste?

O kürtőskalács é originalmente da Transilvânia, mas já pode ser encontrado em diversos países da Europa e até no Brasil. A receita do sucesso é simples: uma massa enrolada em um cilindro coberta com açúcar, que carameliza enquanto é assado. O cheiro inconfundível pode ser sentido de longe.

kurtoskalacs sendo preparado
A simplicidade da receita dos Kurtos garante um sabor sem igual. Foto: Peter Füssy

Com o tempo foram sendo adicionados “recheios” por fora, como baunilha, chocolate e nozes que ficam grudado no açúcar caramelizado, e até por dentro (aí as possibilidades são praticamente infinitas). No Molnár’s, localizado na rua Váci 31, é possível encontrar as versões mais tradicionais e também com recheio dentro.

Enquanto no Molnár’s, os Kurtos são assados em forno industrial especialmente construído para isso, no Vitéz Kurtos eles são feitos da forma tradicional: no carvão. Você pode encontrar uma barraca do Vitéz ao lado do zoológico, na Állatkerti krt. 6-12.

Onde comer Strudel em Budapeste?

Como já mencionei, o strudel é chamado de rétes na Hungria. O que poucos sabem é que o doce tem sua origem na baklava dos turcos, que dominaram o país nos séculos XVI e XVII. Foi só depois disso que a massa folhada recheada se alastrou pela Europa e ficou mais famosa na versão dos austríacos.

Um dos pontos mais tradicionais de strudel em Budapeste é o Strudel House, na rua Október 6, onde é possível ver a confecção e experimentar essas delícias recheadas com cereja, ameixa, damasco, sementes de papoula e misturas desses ingredientes com ricota. Além disso, há uma versão salgada, de repolho, que é bem melhor do que você imagina.

O Strudel House, no entanto, pode ser muito turístico e cheio. Se preferir um lugar mais calmo, vá até o Strudel Hugó, na rua Kertész 22. Esse pequeno café produz mais versões salgadas e doces que vão te surpreender. Só não deixe para ir no Strudel Hugó, aos finais de semana, porque são os dias de descanso merecido dos donos.

Agora que você tem todas essas dicas detalhadas e valiosas, certamente não passará aperto ao ler os cardápios dos restaurantes na Hungria. Então prepare as malas e bom apetite!